quarta-feira, 6 de julho de 2011

A adolescência / 2


Nicolas Poussin, A Fuga para o Egipto,1657,
 óleo s/ tela, 97 x 133 cms, Museu das Belas-Artes de Lyon





MIL NOVECENTOS E SESSENTA E SETE

Maria é a mulher de José,
o carpinteiro.

A cobiça divina
não é, também, cobiça?

Será que este Deus
usa o manto intratável do real
para redenção e resgate?

Ou quer-nos fazer querer
que de uma relação ilícita,
condenada por decreto,
pode nascer a luz?

Amo em Jesus o engano
de que nasceu.

E mais não amo, além
de O ver sorrir
quando eu me engano.



(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009) 

2 comentários:

  1. Palavras de grande lucidez e que surpreende pela cortina que abre-se ao entendimento

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  2. É um poema para mim um pouco difícil,pois estou acostumada com os que os outros editaram sobre Maria ,Jesus e José,mas é muito interessante e me deixou a pensar,mas é lindo,Parabéns! abraços.

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