MIL NOVECENTOS E SETENTA E QUATRO
Cai o silêncio sobre o alinhamento
hostil das casernas.
A guerra está no fim,
já só alguns de nós irão morrer.
No torpor absurdo da paz da parada,
há uma bala tracejante que passa,
um trovão.
Matou-se o mancebo da 2ª. companhia
que recusava a farda.
O crânio estilhaçado,
impossível de ver,
está ali, bem à nossa frente.
Noite, mais noite, é todo o dia assim.
O arame farpado que nos limita
a escolha
chora pequenas lágrimas perfiladas no fio
da nossa inocência ofendida.
in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)
Foto: © de Amadeu Baptista
Simon & Garfunkel, The Sound of Silence
AS MÃES SOFRIAM, AS NAMORADAS E MULHERES TAMBÉM, MAS OS MANCEBOS, ESSES JOVENS AMPUTADOS DE VIDA DEVEM TER SOFRIDO HORRORES E SALAZAR DIZIA: "É ASSIM PORQUE NÃO PODE SER DE OUTRA FORMA"
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