sábado, 30 de julho de 2011

Vida adulta / 13

MIL NOVECENTOS E OITENTA E CINCO



Mais que árvore,

sequência de ramos

e raízes, avó,

que faz lembrar a tua vida,

agora que uma lágrima

adverte os caminhos,

esse ponto onde o voo principia.



Levas-me pela mão e conduzes

as palavras que escrevo, avó,

aqui e agora; sequer como um espelho,

um reflexo,

mas o deslumbramento de um brilho

que paira sobre nós

como ânsia,

criação.



Aceita que te aduza

a beatitude,

aceita, ainda,

esta verdade trémula

que poderá passar do meu

ao teu olhar,

tal como fazes passar,

de ti para mim,

o sonho.


( in Açogue, Corunha, Espiral Maior, 2009)



Foto: © de Amadeu Baptista

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