MIL NOVECENTOS E SETENTA E SETE
Setembro, nuvens baixas,
e vento a anunciar a borrasca.
Do outro lado da rua
o movimento absurdo das pessoas
complementa uma poética inigualável
que se estende à polémica subtil
entre os que têm
e não têm guarda-chuva.
Entretanto, um cão negro dobra a esquina.
E toda a essência das coisas,
o seu mistério,
se entretece
na tarde,
com gente a baixar as persianas
ou a correr o estore,
enquanto o cão
alça a perna
e saúda o chão molhado.
(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)
Foto: © de Amadeu Baptista
Um gesto com a dimensão do universo, um abraço
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