MIL NOVECENTOS E OITENTA
Em frente ao mar,
com as glaucas ondas esmeralda
a ruminar a areia
e o vento a ressumar na pedra
um desabrigo de equinócios e regressos,
penso no desamor
com que amo a minha filha,
o seu perfil estreme,
as suas mãos aéreas,
o seu húmido olhar sobre quem passa.
E desprendo um assobio,
a minha canção triste
por me encontrar sereno
perante a maldição.
Com esta aptidão para a dissipação
e a blasfémia,
e o pasmo sobre a tarde,
sou insuportável como a chuva do norte,
e nada me desculpa pelo medo.
(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)
Foto: © de Amadeu Baptista
Fabuloso poeta, parabéns!
ResponderEliminarBeijinho,
Ana Martins