MIL NOVECENTOS E SETENTA E SEIS
A primeira vaga ata os atacadores
das sapatilhas e foge,
à frente das pedras.
A segunda vaga prepara o cocktail molotov,
avança sobre a barreira em passadas largas,
aponta o engenho com o braço erguido,
mas falha,
falha o carro do piquete.
A terceira vaga pede um ovo estrelado
suplementar,
divaga sobre o amor e aquela mulher secreta
que secretamente ama,
quando não põe os óculos.
A quarta vaga está no porvir,
ascende ao prodigioso vazio e propõe,
como síntese,
a água, a terra, o fogo, o ar.
A quinta vaga ainda está por nascer.
(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)
Foto: © de Amadeu Baptista
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