quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sala dos Actos / 2

trabalha com a língua, guarnece

de asas o vínculo precário

que nos prende à vida. o brilho

nos teus dentes sugere que a mágoa



pode vencer-se à míngua, acalentando-se

a transparência do sonho, a magnitude

da pele, o sobressalto

que perpassa no teu dorso



e responde à lascívia e ao denodo.

abraça nessa luz o alvoroço

de seres o animal que me conduza



à loba negra que em ti habita

e sob esta penumbra desoculta

a mancha branca que a cama oculta.



(in Umbigo, n.º 20, Lisboa, 2007)




Egon Schiele, Mulher Grávida e a Morte, 1911, Óleo s/ Tela, 100 x 100 cms, Galeria Narodni, Praga

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