trabalha com a língua, guarnece
de asas o vínculo precário
que nos prende à vida. o brilho
nos teus dentes sugere que a mágoa
pode vencer-se à míngua, acalentando-se
a transparência do sonho, a magnitude
da pele, o sobressalto
que perpassa no teu dorso
e responde à lascívia e ao denodo.
abraça nessa luz o alvoroço
de seres o animal que me conduza
à loba negra que em ti habita
e sob esta penumbra desoculta
a mancha branca que a cama oculta.
(in Umbigo, n.º 20, Lisboa, 2007)
Egon Schiele, Mulher Grávida e a Morte, 1911, Óleo s/ Tela, 100 x 100 cms, Galeria Narodni, Praga
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