MIL NOVECENTOS E CINQUENTA E CINCO
Estão a chover ursos de peluche
no meu cobertor,
lá fora é quase dia,
o pai ligou a máquina de barbear
e a mãe cicia
como só as mães ciciam,
com quadradinhos de açúcar
e luzes a acender e a apagar
dentro da boca.
Já aqui veio três vezes
aconchegar-me a roupa,
dizer coisas parecidas com o vento a deslizar
entre as folhas das árvores,
um coelhinho branco a correr entre este canto
e aquele,
um perfume parecido com o meu
quando me chama gatinho da mamã.
Tive um sono repousado.
Os maus não apareceram.
(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2008)
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