sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu, na infância / 3




MIL NOVECENTOS E CINQUENTA E QUATRO

Reconheço, desde já,
que sou tenro
e tenho sede.

Quando me convidarem para jogar
à cabra-cega,
protejam-me no caminho
entre o açougue
e a cisterna.

De um tenho temor às facas,
sempre afiadas.

Do outro,
da esponja de vinagre.

De ambos,

o milagre
da ressurreição.


(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2008)

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