quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eu, na infância / 5




MIL NOVECENTOS E CINQUENTA E SEIS

Quem é este homem?

Por que está a dar de comer aos patos
e tem os olhos vermelhos?

Por que sorri e chora ao mesmo tempo?

Por que persiste em vir aqui,
mesmo que aqui não venha
e outro venha por ele?

Por que usa relógio?

Por que não usa?

Por que perde os sentidos
para que tudo tenha sentido
e nos mostra assim a sua mortalidade
comovente?

Por que, às vezes, vai embora,
e volta sempre?


(in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)

2 comentários:

  1. Quem é? Um poema de imagens curiosas e diferentes para um poema. Um abraço, Yayá.

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  2. Encontros e desencontros consigo mesmo... Belíssimo!

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