terça-feira, 31 de maio de 2011

Iannos Ritsos, um poema




SOB O OLVIDO

    A única coisa que dele ficou, foi a jaqueta.
Penduraram-na ali, no grande armário. Foi esquecida,
apertada no fundo pelas nossas roupas, de verão, de inverno,
novas cada ano para as nossas necessidades. Até que um dia
chamou-nos a atenção, talvez pela sua estranha cor,
talvez pelo feitio da passada moda. Sobre os botões
estavam três paisagens circulares de forma parecida:
o muro de execução com quatro buracos, e à volta o nosso remorso.



(tradução minha, do castelhano - publicado no n.º 9 da revista Saudade, Amarante, 2007)





Iannos Ritsos nasceu na Grécia a 1 de Maio de 1909. Aderiu ao Partido Comunista Grego, em 1931. Publicou Tractor, em 1934, inspirado no futurismo de Maiakovski. Devido às suas ideias políticas, algumas das suas obras foram queimadas em público. Foi internado em vários campos de reabilitação. No entanto, a sua produção poética é imparável, com dezenas de títulos. Em 1956, é-lhe atribuído o prémio nacional de poesia pelo livro Sonata ao Luar. Conjuntamente com Giorgios Seferis e Odysseus Elytis, é considerado um dos mais importantes poetas gregos do século XX. Faleceu a 11 de Novembro de 1990.

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