Platero é um burro pardo,
manso como um sussurro.
Dono de um trote alegre,
vai ter com Juan Rámon
sempre que o ouve chamar
para lhe dar de comer.
Come tudo o que lhe dão:
laranjas e tangerinas,
uvas da cor do âmbar
e figos arroxeados,
com as suas gotinhas de mel.
Platero é de algodão,
parece que não tem ossos.
Por fora é muito mimoso,
embora seja, por dentro,
forte e seco, como as pedras,
e o seus olhos sejam duros
como espelhos de azeviche.
Mas é claro o seu olhar,
muito brando, muito doce.
(in O Poeta e o Burro, Matosinhos, QuidNovi, 2010)
Ilustrações de Raquel Pinheiro
Esta agora é que foi uma surpresa. O que eu não conheço da sua obra é mais que muito.
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