1.º DE MAIO
Não posso parar. Não posso parar.
José Afonso
Que não seja este dia só de circunstancia.
Que não chegues à rua e não digas nada.
Que sejas pó, e pólen, e frutos, e raízes.
Que ao desatino de Maio não resistas.
Não hesites em Maio. Não vaciles.
Maio é um mês trabalhador
que se estende pelas praças e os campos
com garlopas e ramos de papoilas.
Que não seja este dia sem audácia.
Que o acendas nas veias e no rosto.
É Maio, agora, o dia primeiro
do que por ti mesmo foi criado.
Em Maio és tu quem está para que a mudança
da inverosimilhança tenha nome.
(Inédito - © do A.)
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