segunda-feira, 14 de maio de 2012

Lars Norén





POEMAS DE LARS NORÉN


Este caminho talvez não conduza
a parte alguma, mas alguém
vem por ele

            Dagbok augusti-oktober, 1975, 1976



Quando regresso ao meu
próprio nascimento e existência
não há ali mãe nenhuma
e tenho que a parir

Dagbok augusti-oktober, 1975, 1976



Frio, neve nas árvores
que estão imóveis como as suas sombras
Pardais pardos de asas ansiosas
O teu sangue suspende-se sereno no teu corpo
Tenho medo e o medo não pode
encontrar nada de que ter medo

Nattarbette, 1976



Procuro palavras
Quaisquer
Palavras destroçadas
pelo terror e a mentira
Palavras que são liberdade
para aqueles que se libertam

Nattarbette, 1976



Meu amor,
temos que arder
em dois fogos, um
frio e outro quente

Nattarbette, 1976



Hoje observei como os polícias e
os mergulhadores retiraram da desembocadura do lago Melar
o cadáver congelado de uma jovem
Foi como se ela
só e sem se ter estropiado
tivesse logrado atravessar
o muro invisível

Nattarbette, 1976



Versão minha - © Amadeu Baptista



Lars Norén. Nasceu em Estocolmo, a 9 de Maio de 1944. Tendo-se estreado aos 19 anos, publicou, desde então, dezenas de livros de poesia. Em 1969 recebeu o prémio Carl Emil Englund. Nos últimos anos, conservando o seu grande prestígio como poeta, converteu-se num dramaturgo de grande reputação, sendo considerado como o maior dramaturgo sueco depois de Strindberg. Em 2003 recebeu o Prémio Nórdico da Academia Sueca, conhecido como o ‘pequeno Nobel’.

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