Richard Wagner: Coro Nupcial, de Lohengrin
O rigor da primavera acrescenta luz
a estas passagens brilhantes onde a terra cede
à lenta progressão da maturação, os traços
que delimitam as árvores, as fontes onde os deuses
dividem com o fogo uma morada suave,
um canto astral.
A aura das coisas levanta-se para o horizonte, sobrevoa
as mãos dessas estátuas ausentes, cerca
com palavras o silêncio e a solidão do homem que aguarda
entre duas pontes uma linha de comunicação, a trama
incandescente.
Agora os que se amam produzem a canção, levitam
sobre os lagos com as mãos em fogo, o olhar
incendiado pelos pássaros e as nuvens, os mais azuis,
os mais serenos no sulfuroso lugar da perdição.
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
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