Wolfgang Amadeus Mozart: Andante, do Concerto para piano em lá maior K. 488
Há um arco para descer e um arco para subir,
as mãos tremem no sentido longínquo do mundo, o coração
esvoaça de encontro ao céu, os homens perscrutam-se
nesse ritmo fulgurante da respiração, gastam
a vida, matam
e vão morrer.
O brilho da lâmina poisa na única genialidade da terra,
um pouco antes da treva poisa e rebenta, aglutina
o mistério nos olhos dos que são abatidos,
há um crime que compensa,
o medo asfixia sobre essa lei precária,
vê a órbita das coisas reflectidas no tempo,
brancas e poderosas
na corda incandescente que religa os enigmas,
o corpo abandonado e sem misericórdia.
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
Serenei.
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