domingo, 29 de abril de 2012

O Bosque Cintilante # 31

Camille Saint-Seans: O Cisne, de Carnaval des Animaux

Erguemos o sonho em cinco dias, tivemos o poder
da ilusão, a areia e o vidro partilharam
este elo de múltiplas interrogações, a eternidade
que se implanta na parte mais secreta do olhar e atravessa
a superfície da verosimilhança para que algo se destrua e frutifique.
Pensámos o sonho e acrescentámos ao silêncio algum fervor,
o sonho produziu pássaros e peixes num primeiro momento,
mais tarde alguns cavalos, agora
este silêncio que acrescenta à magia
o sobressalto e a fragilidade. Eis
o estremecimento, descemos pela sombra
e encontramos outras figuras adjacentes ao rosto, lágrimas
de cristal, asas azuis, a esfera luminescente
onde uma árvore evolui, evoca,
equidistante,
a arte do augúrio.


in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista


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