sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Bosque Cintilante # 29

Franz Schubert: Standchen

Os pensamentos que me assaltam nesta madrugada
fria de Setembro
não estão longe da distância dos teus lábios
e do rumor suave das tuas mãos que tocam
as insígnias de Deus sob o dorso da terra.

Se olhasses para mim verias nos meus olhos
a lancinante expressão da solidão
e a esperança sem qualquer indecisão
de que é possível o teu nome ser maior
que o céu que me vela o silêncio da noite.

Amar-te desde sempre é mais que uma forma de estar vivo
e dar expressão à divindade que trago comigo
desde que atravessei a fronteira
que entre o mar e o mar estabelece
a luz mais verdadeira.

O mais sequer é tempestade que neste coração sangra,
ou dúvida subtil ou estremecimento,
sentindo o alvoroço em que te sinto
apenas peço que sejas tu o assombro
e me devolvas enfim a harmonia.

in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista

  

3 comentários:

  1. a alma cresce ...será apenas uma impressão (boa)

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  2. Ser assombro é quase tão gratificante como ficar espantado.
    belo poema.

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  3. Muito expressivo este seu poema.

    É a primeira vez que visito o seu blogue. Parabéns. É um hino à Poesia!

    Abraço

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