Antonin Dvorak: Larghetto, de Serenade for Strings
Remonta à vicissitude este curso de água. O poeta
em criança perscruta-o com a atenção
do transe, passam por ele as âncoras
de uma realidade letal, mulheres de negro
que carregam carvão e ultrapassam
a dimensão de uma força recôndita, interior, lançada
sobre as casas como algo demolidor e demoníaco, quase uma voz
fragmentada em círculos de oiro e luz, um tumulto
que reproduz no espaço o perímetro da cidade, a sombra
onde graça e nobreza conjuram o tempo obscuro
em que o rio submerge as margens e as pontes, o gesto
que se perdeu, o mistério de não haver salvação.
© de Amadeu Baptista
Lindíssimo o poema e a sinfonia. Abraços
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