sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Poema do 5 de Outubro de 2012

POEMA DO 5 DE OUTUBRO DE 2012

A monstruosidade veio às praças
ensandecer a memória que tínhamos
dos sinais e queimou-nos a boca
com pregos de fogo. Foi quando

os ouvidos começaram a sangrar
e os enfermos vieram às ruas resistir.
Ah, tudo desesperava, o amor
como colossal desvantagem sobre o chão.

Entrou assim a faca pelas costas
e não se via como poderia
firmar-se o corpo sobre a nudez das mãos
e a agonia no centro das cabeças.

Provinha da destruição o anjo negro
e a fome alastrava pelas casas
como catástrofe a acicatar os povos.
Esses que se erguem contra o extermínio.

Nos braços estão já os filhos mortos.
No olhar um negrume insuportável.
Mas o silêncio induz a que a chama
arda sobre a alma uma outra vez.



(Permitida a reprodução desde que assinalada a respectiva  autoria.)




Foto e poema (inédito): © de Amadeu Baptista


1 comentário:

  1. Amigo: Gostei, mas como sempre não publico no meu blogue poemas de outros autores, não quero falar de politica porque a politica para mim cheira mal porque é merda desculpa a minha forma de reagir.
    Um abraço
    Santa Cruz

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