quarta-feira, 4 de julho de 2012

Elias Foukis, um poema





O Julgamento do Pobre


Os observadores prevêem que
ao menos uma vez na vida
me há-de ser feita Justiça.


Que rosto terá a minha Equidade?
Quantos anos terá?
O seu mealheiro, estará cheio ou vazio?

Estou certo
de que as palavras para a minha defesa
serão pronunciadas em línguas desaparecidas
porque, por agora,
não há vocabulário inteligível
que possa proteger-me.


Tal e qual a vêem
a minha justiça será muito antiga.

Os profissionais que a encontrem como um cadáver
no caminho da sua progressão profissional
assustar-se-ão ao vê-la.

Podem ver não mais que o crânio
cheio das inscrições da perdida vida
onde sem engano e abertamente se explica
que perante os homens fracassou o Sol
de brilhar com aquela luz
que  aos mortais não logrou ser outorgada…
aquele Peregrino Caos peregrino de grande cenas
que quem sabe que sabedoria de tangíveis Deuses
dariam forma ao Mundo.

Mas o demais
o tórax… a articulação… as vértebras
desde que souberam a obscura notícia
dos Deuses da Justiça nunca terem sido tangíveis
desesperando da vanidade do Mundo
mantinham em funcionamento
o corpo dos Infernos… nos precipícios.

Quanto às esperanças…
            os sonhos…
             as sensibilidades…
as demais virtudes gregas
provavelmente
com um desesperado vagar solitário
estão todas entre nós.

Mas os advogados não se ocupam demasiado
com as Virtudes gregas
e as Verdades da Alma…

Eles querem testemunhos materiais…
                            concretos…
                                          tangíveis…
enquanto eu desta vez
pareça muito pobre
ainda que a minha Justiça seja
como lhe chamará a minha defesa…
… Eterna.


(versão de Amadeu Baptista)




Elias Foukis nasceu a 20 de Agosto de 1969, em Kefallovriso Ioannina, Grécia.
Escreve poesia desde 1988. Em 2007 publicou ‘Testamento de um Deus Menor’, que foi traduzido em inglês, francês, italiano, checo e castelhano. Desde o ano 2000 vive e trabalha em Atenas.

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