Acaba de ser dado à estampa o meu novo livro Atlas das Circunstâncias. O livro é o nº. 3 da colecção Meia Lua e a edição é da Lua de Marfim. A ilustração da capa pertence a Maria João Lopes Fernandes. Em 2009 foi atribuído a Atlas das Circunstâncias o Prémio Literário 'Manuel Maria Barbosa du Bocage'.
Aqui deixo o fragmento inicial deste longo poema em 30 sonetos:
Não há dias propícios para os fulgores
mortais. Vem-se à terra por uma vereda
acrisolada, com as mãos ininterruptas,
e faz-se a boca diagrama das casas,
sapiência de ver e de sentir, caladamente.
Depois, há só como pensar em tudo em volta
e ver os córregos, as nuvens mansas, a prata
dos telhados, sendo por essa liturgia do silêncio
que há-de ir-se um homem em busca das palavras,
para as sentir e ampliar nos campos e na infância,
enquanto a terra revolve os seus cilícios
de treva e de raízes, a congraçar na cabeça
uma rede de brilhos opacos e translúcidos
em cada pedra.
in Atlas das Circunstâncias, Póvoa de Santa Iria, Lua de Marfim, 2012
"sapiência de ver e de sentir, caladamente."
ResponderEliminarObrigada pela sua escrita Amadeu Baptista. O livro é lindíssimo.
Um abraço, Gisela Rosa