PRAIA DA GRANJA
Pelo que quer que seja a exaltação habito aqui,
nesta casa de sete janelas,
com uma pequena porta e uma varanda verde.
A praia incendeia-me os olhos,
e chamo, chamo à mulher espiral do mundo.
Toco com um dedo o muro branco e acrescento
ao entendimento ervas amargas, animais solares
e obscuros, um antigo instrumento de trabalho,
o búzio, o barco, o arado,
um ramo de salgueiro, esta pedra incisiva,
uma maçã vermelha.
Guardo no coração uma voz que vai de lugar em lugar
a interrogar as sombras
e no poema murmura o poder das cintilações
sobre a cânfora,
a hortelã,
os figos,
o encantamento,
a cabeça da víbora.
A extensão desta casa é a dimensão desta praia
divina sobre as águas,
tal como é divina a mulher que me acompanha
e a quem chamo espiral do mundo
por ter criado um sortilégio assim,
uma casa grega,
branca,
nítida,
com sete janelas,
uma pequena porta e uma varanda verde
sobre o mar.
(in A Sohpia, Editorial Caminho, 2007)
Fotos: © de Amadeu Baptista
Belo, este poema a Sophia! Muito obrigada, amigo Amadeo! :)
ResponderEliminarObrigada por partilhar comigo, esta grande obra, simplesmente ... ADOREI, beijinho
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