Em 2001, a propósito da exposição 'Vilanova Artigas, Arquitecto', realizada na Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, em Almada, organizei a Antologia 'Quanta Terra!!! Poesia e Prosa Brasileira Contemporânea'. Autores representados: Alexei Bueno, Affonso Romano de Sant'Anna, Iacyr Anderson de Freitas, Lêdo Ivo, Renata Pallottini, Vera Lúcia Olivira (poesia) e Fernando Fábio Fiorense (prosa).
Dessa Antologia, um poema de Renata Pallottini:
UM GALO A ASCLÉPIO
Eu devo
um galo
a Asclépio
Não vos esqueçais disso
não vos perturbeis com a minha agonia
Eu devo
um galo
a Asclépio
As dívidas devem ser pagas
a prestação de contas é inevitável
Crescerá a grama sobre o meu túmulo
não mais terei noites de insónia
meus pés estarão ficando frios
minha cabeça será um vulcão de dúvidas
a vida não se encerra sem todos os acertos
lembrai-vos sempre das palavras de um velho
lembrai-vos sempre do momento que antecedeu
a minha agonia
Eu devo
um galo
a Asclépio
Essa dívida é única
e infinita
Renata Pallottini nasceu em São Paulo, a 20 de janeiro de 1931. Cursou Direito, Filosofia e Dramaturgia; escreveu e produziu trabalhos para teatro e televisão. Publicou, entre outros, os livros: A Casa, São Paulo, 1958; Coração Americano, São Paulo, 1976; Chão de palavras, São Paulo, 1977; Noite Afora, São Paulo, 1978; e Obra Poética, 1995.
(in Vários, Quanta Terra!!! Poesia e Prosa Brasileira Contemporânea, organização, selecção e notas de Amadeu Baptista, Almada, Casa da Cerca, 2001)
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