quarta-feira, 28 de março de 2012

O Bosque Cintilante # 16

Charles Gounod: Faust Waltz

Dei comigo nesse instante
a dizer de mim para mim
que o abandono era o humilde
sinal, o último sinal.

Vozes sobre a minha cabeça
transfiguravam os anjos
e vi como à minha frente
algo seguia, ainda.

Não era a luz, sequer.
Sequer uma sombra perdida
entre as mil sombras do caminho,
ou um rosto perdido na multidão.

Algo aterrador e magnífico
estava nesse lugar
a que acedia o corpo
para que sobrevivesse a alma.

E ouvi:    Vem e segue-me!

Não era a solidão o abandono
mas uma voz inquieta
na estrela cadente.


in O Bosque Cintilante,  Maia, Cosmoroama, 2008


Sem comentários:

Enviar um comentário