Mostrar mensagens com a etiqueta Celebração. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Celebração. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Manoel de Oliveira (no seu 106º. aniversário)

MANOEL DE OLIVEIRA. SOBRE UMA SEQUÊNCIA DE VALE ABRAÃO

O que se pode mostrar não pode dizer-se.
Wittegenstein - Tratactus
                       
Sei como recrudesce o sentido das coisas nos mais
subtis movimentos da câmara, nessa demora
amplio cada pausa para adensar na memória
o que se vê, este prolongamento
onde a confrontação é real, vital,
próximo da verosimilhança e das equivalências
que dão à eternidade um valor substantivo e precário,
intenso e frágil no espírito de quem chega
e colhe uma laranja onde um brilho se esconde
para que o inquieto mistério do cinema
seja um outro entendimento do mundo
enquanto a mulher progride,
a obscuridade permanece,
o fascínio acrescenta uma outra luz à luz
deste vale propício às coisas naturais
que a transfiguração acrescenta ao que está vivo.

© do poema Amadeu Baptista





terça-feira, 6 de maio de 2014

Aniversário

POEMA DO SEXAGÉSIMO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO

Do pai ausente quis seguir o exemplo
E cantar coisas que não podia ter,
Intrepidez, aventura,  insubordinação,
Lápis coloridos para pintar as rosas.

Gostava de ter tido uma mãe
Que me levasse ao colo, a ver os patos.
Mas nem essa sorte tive, os lagos
Congelaram no ano em que nasci

E nunca disso puderam refazer-se.
Aos meu filhos também disse adeus.
A água da comporta foi-me areia
Que se tornou com o tempo movediça.

Com os anos tudo o mais perdi.
Talvez porque cultivo versos
Perante a desonestidade idiota que me cerca.
Com a faca apontada ao peito,

O que me resta é apenas a montanha
Em que observo a junça a invadir
Os campos férteis. Volvidos os sessenta
Mijo para os sapatos com a mesma decisão

Com que compro cigarros. Não tenho
Emenda. Os pés inchados de nada
Me asseguram do que é errado ou certo.
Nem mesmo a morte, que virá não tarda.

Despeço-me das ravinas e dos canaviais.
As praias envolventes estão erodidas,
Assim como as sementes estiolam,
Lírios, delírios, tenacidades, perdas.

A noite é circular e é uma desvantagem
Espreitar de longe as transumâncias
Com que os meus contemporâneos
Se afastaram da fonte e do sonho original.

Queria conhecer o que é estranho
E da árvore da vida se recolhe.
Esta maçã tem bicho e não se sabe
Quem entre nós fomenta a desventura

Social, económica e financeira
E faz com que tudo remonte à decadência
Em que todos somos escravos de uns poucos.
Estou de joelhos, sobre a terra imposta.

Acompanha-me um cão e uma estrela.
O amor é um barco e sou um naufrago,
Que não sabe o que faça o coração.
Incompatível, avanço na ruína

Para escrever não sei se uma elegia,
Se uma ode. O meu maior desgosto
É ver que há séculos o povo morre à fome.
Não faço testamento. Quem vier por último

Que feche a porta e apague a luz.
Duas moedas tenho sob a língua
Para entregar ao barqueiro que me leve
Deste inferno para outro mais honrado.

Nesta zona onde os comboios param
E, sem remédio, os mais jovens partem
Para o estrangeiro, não me conteis alheio
Da revolta de ter nascido aqui.

Sem que saiba o que seja o real e a realidade,
Fui sempre um pessimista pró-activo.
À pátria nada devo, que me comeu a carne
E agora esmaga os ossos.

Dia de aniversário, dia de me agarrar
Ao corrimão porque a vertigem
É uma epidemia de pragas e uma rusga
Do que ao longo dos anos me roubaram.

A ninguém quero mal, ainda que  o bem
Que possa desejar seja limitado. Que os melhores
Prevariquem e que o rebanho tenha disponível
Um prado de azevém em que se ceve.

Continuarei a sangrar pelos ouvidos.
Entre o desterro e o exílio porém não pararei
De me rir muito e de chorar, às vezes.
O riso pela dor – o pranto digno.

Cadáver adiado não serei. A minha vez
Virá mas hei-de espernear como um danado,
A distribuir manguitos pelos que
A morte me acirram em cada dia.

Para o ano espero vir aqui de novo
Meter o nojo que há muito meto.
Não serei cão de cego, nem passarei ao largo.
Hei-de ladrar e morder a um só tempo

Como um bom cão de caça que, querendo,
Também sabe pescar no mar bravio.
Ignore-me a crítica e esses chanfrados
Que escrevem poesia no vácuo do vazio

Como se os atendesse o eterno e metessem
P’ra veia o ópio niilista do seu ódio
Para ficarem bem no pedestal. Não sou maior
Nem menor que os outros todos.

O alçapão que tenho é abrangente,
Cabe lá muita gente, amigos, inimigos,
E o mais que venha cair no meu expresso
Servido com açúcar pela manhã,

Assim que o sol se ergue e a sombra arde.
Por este desatino me decido, a aguardar
O decisivo enfarte que me leve. Hip hip
Hurrah! Sem exagero ou modéstia falsa

Digo que esta pomada é do outro mundo.
Bebamos, Lídia. Deixemos por instantes
Os astros, o governo das orbes, a indiferença.
São do Correia Garção os cristais limpos

E enorme a vontade que tenho de esquecer
O infortúnio de alguns convivas
Que mesmo assim beberão comigo,
Este tinto, este néctar, esta cicuta.

Que nada fique aqui por celebrar,
Os pastores que cantam nos montes,
As areias brancas da infância,
As mulheres magníficas que os sonhos

Perpetraram nos ermos da memória
Como bálsamo, bênção e alucinação
Que se há-de querer sempre até que morte
Seja a única carícia que se espera.

Por hoje fiquem as palavras que me deram,
Um livro, um búzio e umas sandálias
Que hei-de encher de areia para que o mundo
Vá nos meus passos para qualquer parte.

O mais há-de ficar como já está.
Ortigas nos lameiros e gatos nos telhados,
Cerejeiras em flor naquele pátio,
O encantador perfume dos limões,

A frescura das fontes e dos poços,
A luz que declina, toldada e leve,
Uma ou outra fogueira dos despojos da floresta
De nuvens que carrego sobre os ombros.




Nota: as palavras em itálico roubei-as a Correia Garção, poeta português do século XVIII



inédito © do poema e da foto: Amadeu Baptista





sexta-feira, 25 de abril de 2014

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1º de Maio




a beleza da luta de classes está em frente
a nós, que dobramos as costas sob o fardo
e exultamos se uma palavra ou outra
encontra o súbito alcance de uma bala

é uma beleza impura e circunscrita
à desordenada rebeldia com que vemos
a ideia de justiça a recompor-se
de séculos de opróbrio e tirania

o suor do trabalho é um animal calado,
mas nele subjaz uma harmonia intensa
feita de paióis e amenidades várias
onde o rosto dos homens acaba a reluzir

não há acaso no silêncio vasto
quando o passado é largo e incendiário,
o trilho que alguns de nós passam
com as mãos acima das cabeças

vemos esta beleza com a firmeza
de quem mais não pode fazer que rejubilar
pela extensão da luta e os seus brilhos
no esforço refulgente das cidades


(Inédito) © Poema e foto: Amadeu Baptista

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Poesia Incompleta

Lê-se o que se transcreve mais abaixo e o coração dá um salto de contentamento:


«Longe de estarem resolvidas as macacadas burocráticas, e, por isso mesmo, ainda coxa, a Poesia Incompleta reabre, agora na mui nobre e sempre leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, povoação assaz simpática e recheada de índios amantes de poesia.
O correio electrónico está aberto para qualquer pergunta e os envios por correio disponíveis.  

Para os habitantes do Rio, e turistada em busca de cachaça e Castro Alves, a realidade é um nadinha diferente: obedecendo a uma secretíssima combinação, as visitas serão possíveis.

A coisa começa segunda-feira.
Terça, aproveita-se já o feriado para uma pausa metafísica, mas cheia de boas intenções.»

Esteja lá onde estiver a Poesia Incompleta e/ou o Changuito, fica aqui a lembrança de um abraço grato. O endereço do blogue 'Poesia Incompleta', onde poderão encontrar o respectivo contacto, encontra-se na listagem da direita, entre os mais blogues que aqui se frequentam.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Eunice Muñoz


Eunice Muñoz


Ainda bem que foi desmentida a notícia do falecimento de Eunice - deixo aqui, como homenagem, a reprodução do cartaz da peça 'O Cerco a Leninegrado', levada à cena aquando das comemorações oficiais dos 70 anos da sua carreira.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

Timor Lorosae - 10 Anos de Independência





UM POEMA DE XANANA GUSMÃO



ESPERANÇAS RASGADAS


Timor
Jazigo de uma alma
Que não pereceu
Nas névoas
De uma história que se perdeu
Na distância das lendas

Timor
Montanha de ossos
De uma valentia
Que bocas guerreiras
Abençoaram seus filhos
Para a perenidade dos dias

Timor
Onde a morte
Só se consagra no combate
Para deter a vida
E contar a história às crianças
Que nascem para recordar

Timor
Onde as flores
Também desabrocham
Para embelezar
As sepulturas desconhecidas
‘Em noites frias, infindáveis’.

Timor
Onde as pessoas
Nascem para morrer
Pela esperança
Em rasgos de dor
Em rasgos de carne
Em rasgos de sangue
Em rasgos de vida
Em Rasgos de alma
Em rasgos
Da própria liberdade
Que se alcança…
Com a morte!



'Esperanças Rasgadas', poema de Xanana Gusmão, declamado pelo próprio
no documentário de Grace Phan "A Hero's Journey" / "Where the Sun Rises"



domingo, 6 de maio de 2012

Soneto do 59º. aniversário

Um dia terás idade suficiente para começar
a ler contos de fadas outra vez.
C. S. Lewis


Chegado ao tempo de enlouquecer,
emocionado me entrego a esse plano.
Se perguntar por mim não sei que responder
a tomar sobre a idade mais um ano.

Certo é que amo a voz que ouço
a desvairar-me como só um feitiço pode.
Não peroro o facto de já não ser moço
e encorajo o tumulto que hoje me sacode.

Presságios me atravessam neste dia
em que me subo para me descair,
a saber que onde fui não vou voltar a ir.

Poeta ainda, com bravia alegria,
puxo com paixão o corpo para o lugar
em que abro os braços e começo a voar.

inédito - © Amadeu Baptista

Foto: © de Amadeu Baptista


sábado, 5 de maio de 2012

Amadeu Baptista - 30 anos de actividade literária


Foto: © de Inês Ramos


Faz hoje 30 anos que recebi, via Vasco Santos, ao tempo editor da Fenda,
os exemplares do meu primeiro livro
As Passagens Secretas
(Coimbra, Fenda Edições, 1982).

Ainda que anteriormente já tivesse publicado em jornais e revistas alguns poemas, considero a publicação deste livro como marco para o início da contagem da minha actividade literária.

Do livro referido deixo, a título de celebração, um poema.
Mais abaixo, um inventário destes 30 anos, de que muito me orgulho.




A respiração avança através de um gladíolo, as mãos
encrespam-se de silêncio, minerais dolorosos asfixiam a noite, riscam
como se fossem fósforos as sardas do teu rosto. Vens

com os dentes branquíssimos, o peito aberto aos ninhos, barco
que balouça na névoa, é tecto, casa, cama. Dar-te-ia

a cereja do bolo, a serenidade do mar, uma praia de colmo,

se os dias não fossem transitivos e os objectos íntimos, ó ave,
insuportáveis.



(in As Passagens Secretas, Coimbra, Fenda Edições, 1982)


Poema: © de Amadeu Baptista



Amadeu Baptista. Nasceu no Porto, a 6 de Maio de 1953


OBRAS DO AUTOR


Poesia


As Passagens Secretas. Com uma fotografia de Nelson Mendes. Coimbra, Fenda Edições, 1982
Green Man & French Horn. In Vários, A Jovem Poesia Portuguesa /2. Porto, Limiar, 1985.
Maçã. Prémio José Silvério de Andrade – Foz Côa Cultural, 1985. Porto, Limiar, 1986.
Kefiah. Viana do Castelo, Centro Cultural do Alto Minho, 1988.
O Sossego da Luz. Porto, Limiar, 1989.
Desenho de Luzes. Corunha, Amigos de Azertyuiop, 1997.
Arte do Regresso. Pelo primeiro capítulo deste livro, Cúmplices, recebeu o Prémio Pedro Mir, na categoria de Língua Portuguesa, promovido pela revista Plural, da Cidade do México, em 1993. Porto, Campo das Letras, 1999.
As Tentações. Santarém, Edição «O Mirante», 1999.
A Sombra Iluminada. In Vários, Douro: Um Percurso de Segredos… S/l, Instituto de Navegabilidade do Douro, Campo das Letras, 2000.
A Noite Ismaelita. Guimarães, Pedra Formosa, 2000.
A Construção de Nínive. Porto, Edições Mortas, 2001.
Paixão. Prémio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001 e Prémio Teixeira de Pascoaes, 2004. Porto, Afrontamento, 2003.
Sal Negro. Com fotografias de Rosa Reis, sob o título Sal Branco. Almada, Íman Edições, 2003.
O Som do Vermelho – Tríptico Poético sobre Pintura de Rogério Ribeiro. Porto, Campo das Letras, 2003.
O Claro Interior. Prémio de Poesia e Ficção de Almada – 2000 / poesia. Com ilustrações de Rogério Ribeiro. Almada, Íman Edições, 2004.
Salmo. Com a reprodução de um desenho de Rogério Ribeiro. Porto, Edições Asa, 2004.
Negrume. Com desenhos de Ana Biscaia. Lisboa, & Etc, 2006.
Antecedentes Criminais (Antologia Pessoal 1982-2007). Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2007.
O Bosque Cintilante. Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007. Vila Nova de Azeitão, edição das Juntas de Freguesia de S. Lourenço e S. Simão, 2007.
Balada da Neve e Outros Poemas. Maputo, edição da Escola Portuguesa de Moçambique, 2007.
O Bosque Cintilante. Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007. Maia, Cosmorama, 2008.
Outros Domínios (Clamor por Florbela Espanca). Prémio Literário Florbela Espanca, 2007. Vila Viçosa, edição da Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2008.
Sobre as Imagens. Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, 2008. Maia, Cosmorama, 2008.
Poemas de Caravaggio. Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, 2007 e Prémio Literário João Lúcio, 2008. Maia, Cosmorama, 2008
Açougue. Prémio Espiral Maior, 2008. Corunha, Espiral Maior, 2008.
Os Selos da Lituânia. Prémio Edmundo Bettencourt/Cidade do Funchal – 2008. Lisboa, & Etc, 2008.
Doze Cantos do Mundo. Prémio Oliva Guerra, 2008. Sintra, edição da Câmara Municipal de Sintra, 2009.
Escalpe. Lisboa, & Etc, 2009.
O Ano da Morte de José Saramago. Lisboa, & Etc. 2010.
Outros Domínios (Clamor por Florbela Espanca). Prémio Literário Florbela Espanca, 2007. Coimbra, Temas Originais, 2011.



Prosa

Estrela De Bizâncio. Prémio de Poesia e Ficção de Almada – 2005 / prosa. Torres Vedras, Edições Livrododia, 2010.



Infanto-juvenil

Os Cavalos a Correr. Com ilustrações de Estela Baptista Costa. Vila Nova de Gaia, Trinta por uma Linha, 2008.
O Sonho do Elefante Tomé. Com ilustrações de Isabel Rocha Leite. Porto, Trinta por uma Linha, 2009.
Zoo Musical. Com ilustrações de Ana Biscaia. Vila Nova de Gaia, Calendário de Letras, 2010.
O Poeta e o Burro. Com ilustrações de Raquel Pinheiro. Matsinhos, QuidNovi, 2010.
A História Maravilhosa dos Três Pastorinhos de Fátima. Com ilustrações de Raquel Pinheiro. Matosinhos, QuidNovi, 2011.


A publicar

Atlas das Circunstâncias. Prémio Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, 2009.
Sistina. Prémio Literário António Cabral, 2011.



Organização de antologias

Quanta Terra!!! – Poesia e Prosa Brasileira Contemporânea. Almada, Casa da Cerca, 2001.
Álbum de Acenos – Antologia de Poesia e Fotografia. Almada, edição Imaginarte, 2001.
Poesia Digital – 7 poetas dos anos 80. Em colaboração com José Emílio-Nelson. Porto, Campo das Letras, 2002.
Divina Música – Antologia de Poesia sobre Música. Viseu, edição do Conservatório Regional de Viseu, 2009.


Colaboração dispersa em jornais, revistas, livros colectivos e antologias nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, E.U.A. Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Luxemburgo, México, Portugal, Roménia e Uruguai.

Alguns dos seus poemas foram traduzidos para alemão, castelhano, catalão, francês, hebraico, italiano, inglês e romeno.

É membro da Associação Portuguesa de Escritores e do PEN Clube Português.


Fotos : © de Amadeu Baptista

quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril (Sempre!)



Num  só dia os deuses assinalaram
o ciclo de negrume e crueldade
que se expandia na pátria. E pararam
tudo o que, sendo inverdade,

feria fundamente todos quanto
da terra não mais queriam que a paz.
E num momento tudo foi espanto
do que pode construir-se e se perfaz

quando pelas ruas a alegria vem à luta
e o novo dá lugar ao que era velho.
Foi esse dia não mais do que vermelho

e deuses fomos na bênção absoluta
em que a exaltação de um foi a de mil
por todo o júbilo que nos trouxe Abril.

inédito - © Amadeu Baptista


domingo, 22 de abril de 2012

1º. ANIVERSÁRIO



Este blogue perfaz hoje o seu primeiro aniversário.

Do arquivo, saliento alguns números, como curiosidade:

                    - em 2011, publiquei 246 mensagens
                    - em 2012, publiquei   97 mensagens

o que dá um total de 343 mensagens nestes doze meses de actividade (a média poderia ter excedido 1 por dia, se em Setembro de 2011 não tivesse tido um grave problema de saúde).
                       
O número de visualizações, contadas esta manhã, ascendeu a  44.465.
            .
O número de seguidores é, até ao momento, de 281.


Aos colaboradores da rubrica  'Poeta Convidado', como reforço do agradecimento público que lhes devo, deixo aqui, de novo, registo expresso dos respectivos nomes (por ordem alfabética), sublinhando que é minha convicção que a literatura de um país se faz por acolhimento, respeito e difusão e não, como vem sendo apanágio de muitos, por omissão, premeditado desprezo e, tantas vezes, ingrato esquecimento.  Assim, o meu mais grato abraço para: Alice Macedo Campos; António Cabrita; António Ferra; Daniel Abrunheiro; Gisela Ramos Rosa; Henrique Manuel Bento Fialho; Inês Ramos; Isabel Cristina Pires; Joaquim Cardoso Dias; Jorge Velhote; José Emílio-Nelson;José Félix Duque; Margarida Ferra; Margarida Vale de Gato; Maria do Rosário Pedreira; Nuno Dempster; Paulo José Miranda; Rosa Alice Branco; Rui Almeida; Rui Cóias; Ruy Ventura; Soledad Santos; Tatiana Faia; Urbano Bettencourt.


Registo, também, os nomes dos poetas que, ao longo deste ano, fui traduzindo e aqui publiquei: Iannos Ritsos (Grécia); Gunnar Reiss-Andersn (Noruega); Hannes Pétursson (Islândia); Nina Bjork Árnadóttir (Islândia); Abdelmajid Benjelloun (Marrocos); Ílias Foukis (Grécia); Thorkild Bjørnvig (Dinamarca); Eva Durán (Colômbia).


A todos os que passaram por aqui, a todos os que são 'seguidores', a todos os que deixaram comentários, a todos os que enviaram poemas, ou sugestões, a todos os que, em suma, apreciam o trabalho que fui apresentando neste último ano,
o meu muito obrigado!!!




Na foto: Amadeu Baptista

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Zoo Musical

O meu livro Zoo Musical, editado pela Calendário das Letras, em 2010, é um dos 30 livros portugueses para a infância e juventude mais recentemente adquiridos pela Biblioteca Internacional da Juventude, na Alemanha. Seguem-se algumas ilustrações do livro, de autoria de Ana Biscaia, bem como o respectivo corpo da notícia, cf o semanário Sol e a Lusa:












"Trinta livros portugueses para a infância e juventude são as mais recentes aquisições da Biblioteca Internacional da Juventude, na Alemanha, considerada a maior do mundo na área infanto-juvenil,
com cerca de 600 mil títulos.
As obras portuguesas foram escolhidas por aquela biblioteca durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, que decorreu em Março, em Itália, na qual Portugal foi país convidado.
Jochen Weber, um dos responsáveis da biblioteca, explicou à Agência Lusa ter ficado «muito satisfeito com a selecção de livros», que passam a integrar o arquivo do organismo.
«São um bom apoio para reforçar a presença de livros portugueses» que já existe na biblioteca,
disse Jochen Weber.
Os livros foram escolhidos entre os 150 que a Direcção-geral do Livro e das Bibliotecas tinha em exposição no espaço oficial de Portugal, naquela feira italiana.
Entre os 30 títulos escolhidos contam-se textos de Alexandre Honrado, Manuel António Pina, António Mota, Luísa Dacosta, José Jorge Letria, António Torrado, Eugénio Roda, Amadeu Baptista e obras ilustradas por Cristina Valadas, João Vaz de Carvalho, José Feitor, Marta Madureira e Tiago Manuel.
A eles juntam-se ainda Oinc! A história do príncipe porco, com texto de Isabel Minhós Martins, a partir de um conjunto de litografias de Paula Rego, Sérgio Godinho e as 40 ilustrações, com obras de 40 ilustradores para outras tantas canções do músico português, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, uma edição recente com ilustrações de Tiago Albuquerque e Adriano Lameira.
Todos os livros foram editados entre 2010 e 2012.
A Biblioteca Internacional da Juventude, que funciona num castelo em Munique, foi criada em 1949 e, desde então, tem constituído um arquivo com literatura infanto-juvenil de todo o mundo, que totaliza actualmente cerca de 600 mil títulos, disse Jochen Weber à Lusa.
Anualmente, a biblioteca escolhe cerca de 200 títulos de 50 países para os seus arquivos, mas como Portugal foi país convidado em Bolonha, efectuou uma selecção extra da literatura portuguesa.
À margem desta escolha dos 30 livros, no início do ano a biblioteca divulgou a lista de seleccionados de 2012, que incluía A manta, de Isabel Minhós Martins e Yara Kono, e o romance Meia hora para mudar a minha vida, de Alice Vieira.

Lusa/SOL "

segunda-feira, 19 de março de 2012

João Rui de Sousa

João Rui de Sousa


A Associação Portuguesa de Escritores acaba de atribuir o prémio Vida Literária a João Rui de Sousa. Este prémio, atribuído a cada dois anos, no valor de 25.000 Euros, visa a consagração de autores portugueses. tendo sido, em edições anteriores, já atribuído a  José Saramago, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andersen e Eugénio de Andrade.

João Rui de Sousa é um poeta português nascido a 12 de outubro de 1928, em Lisboa. Tirou o curso da escola agrícola D. Dinis e fez a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa. Desenvolveu atividade profissional na Biblioteca Nacional, foi membro do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários e júri de diversos prémios de poesia. Colaborou com crítica literária e criação poética em inúmeras publicações, entre as quais Colóquio/Letras, JL, O Tempo e o Modo, Seara Nova, Crítica, Folhas de Poesia, Bandarra, Cronos, Nova Renascença, entre outras. Co-dirigiu, em 1955, com António Carlos, António Ramos Rosa, José Bento e José Terra, a revista Cassiopeia. Embora a estreia em livro date de 1960, com Circulação, a sua revelação poética deu-se na década anterior, nas páginas de Cassiopeia, Cadernos do Meio-Dia e Notícias do Bloqueio, integrando uma geração poética que assimila e supera as estéticas surrealista e neorrealista e que tende para recusar todo o tipo de tentação de facilidade, seja a nível rítmico, seja a nível da expressão imagética, vocacionando-se para a fixação do real num enquadramento de reflexão ontológica. (Fonte: infopédia).

Ao poeta e amigo fica o abraço de parabéns.

 
 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Prémios Autores SPA

Abraço para os premiados:


Prémio Autores SPA  / Poesia
José Manuel Vasconcelos
A Mão na Água que Corre, Assírio & Alvim, Lisboa, 2011





Prémio Autores SPA / Ficção
Mário Cládio
Tiago Veiga Uma Biografia, D. Quixote, Lisboa, 2011

sábado, 31 de dezembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade

RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade



Foto: © de Amadeu Baptista

DESEJO A TODOS QUE O ANO DE 2012 VENHA REPLETO
DE SAÚDE, SORTE E AMOR!!!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal



Votos de um excelente Natal!




Giovanni Bellini, 'A Virgem e o Menino entre Maria Madalena e Santa Úrsula', óleo s/ tela, 77 x 104 cm (1490), Museu do Prado, Madrid