a beleza da luta de classes está em frente
a nós, que dobramos as costas sob o fardo
e exultamos se uma palavra ou outra
encontra o súbito alcance de uma bala
é uma beleza impura e circunscrita
à desordenada rebeldia com que vemos
a ideia de justiça a recompor-se
de séculos de opróbrio e tirania
o suor do trabalho é um animal calado,
mas nele subjaz uma harmonia intensa
feita de paióis e amenidades várias
onde o rosto dos homens acaba a reluzir
não há acaso no silêncio vasto
quando o passado é largo e incendiário,
o trilho que alguns de nós passam
com as mãos acima das cabeças
vemos esta beleza com a firmeza
de quem mais não pode fazer que rejubilar
pela extensão da luta e os seus brilhos
no esforço refulgente das cidades
(Inédito) © Poema e foto: Amadeu Baptista
belo poema!
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