sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Bosque Cintilante # 75

Aram Khatchaturian: Dança do Sabre

Entregamos os vigamentos da casa neste lado
do mundo. Os carros chegam
com as cores intensíssimas, páram na bruma, aguardam
o início do cataclismo, propaga-se o estrondo
para além dos portões onde a vertigem aguarda o fim da finitude,
esse lamento murmurado ao ouvido dos anjos. As horas
passam e nada se vislumbra, o fogo toca
os sentidos de quem passa, pequenos brilhos opacos
vibram na sedimentação, as raízes que o vento
levanta na eternidade, filamentos de sangue
onde as almas afeiçoam as pedras aos gritos inaudíveis,
a memória de um incêndio que transfigura a terra em nomes
sibilinos, sabres
vingadores.

O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista

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