segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Mário Dionísio




UM POEMA DE MÁRIO DIONÍSIO



Que nojo   São carcaças
de gente morta por dentro
Escondem mucos pegajosos
que empestam toda a paisagem

São abutres pelados são carcaças
de olhos vítreos de intenção
são bostas de sangue e o centro
de onde mana a corrupção
Só nunca serão carrascos
porque lhes falta a coragem

O medo os faz silenciosos
pelas costas atrevidos
Movem-os ódios e ascos
flatulências de ambição
pequeninos verrinosos
gordurosos retraídos

São fura-greves são espias
vaidosos de ser pisados
segregam epidemias
de vergonha   São repolhos
de gangrena engravatados
São piolhos são piolhos
são piolhos


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