MIL NOVECENTOS E NOVENTA E NOVE
A vida inteira à procura de um pórtico
e, contudo, nenhuma pista para lá chegar.
Vem um e diz,
“tudo deve estar na aritmética,
se contarmos os grãos de areia
das praias e dos desertos
e os ordenarmos por contrapartidas,
encontraremos a resposta”.
Vem outro e conclama,
“desta vez não há que enganar,
é o rastro dos cometas”.
Um outro grita,
“segunda porta à esquerda,
depois das escadas,
onde se presume estar todo o benefício
e o local exacto para martelar”.
Mas quanto ao pórtico,
nada.
Até que um dia,
firme e esplêndido,
nos aparece o pórtico pela frente,
e nele lemos:
paraíso para sempre, inferno
para sempre.
E ficamos a saber a natureza da nossa
insatisfação.
( in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)
Foto: © de Amadeu Baptista
Muito bom a maneira como nos leva a pensar. Parabéns amigo.
ResponderEliminarVenha nos visitar também, www.ajaneladopoeta.blogspot.com
Abraços!