terça-feira, 18 de outubro de 2011

Vida adulta / 24

MIL NOVECENTOS E NOVENTA E SETE

Não sei de tão inúmero entendimento, tanta
película branca.

Às vezes só me basta estar aqui,
com os punhos cerrados do silêncio e a boca
fechada sobre o cúmulo dos dias
e suas certidões repentinamente descritas
sobre  a noite.

Sendo certo que essa porta se abre
para as coisas onde o mundo gravita,
sabendo que tudo desconheço,
aceito a decisão desse domínio e vejo, apenas,
todas as idades da terra, o ciclo denso
onde algo aterrador e misterioso
há-de permanecer para sempre no sentido
do que compõe os sulcos do fascínio
para que a mais vasta dimensão das coisas
seja a luminosidade simples de um castigo
ou a salvação equívoca.

O mais é pura extenuação,
sinal aterrador,
a latente figura 
de um esquecimento previsível.


( in Açougue, Corunha, Espiral Maior, 2009)


Foto: © de Amadeu Baptista

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