segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vida adulta / 15

MIL NOVECENTOS E OITENTA E SETE



Há uma concha onde o ouvido escuta

a progressão do sortilégio.



Vais levemente atrair esse sinal

nada podendo fazer, trocar

sequer a interjeição da tua dor

por outra interjeição,

ou outra dor.



O som progredirá, sereno, incerto,

como um aluvião no peito,

uma cor finíssima a manchar o coração

até que chegue alguém

e desligue a máquina.


( in Açogue, Corunha, Espiral Maior, 2009)




Foto: © de Amadeu Baptista

Sergei Rachmaninoff executa(/pianoo) o seu Concerto para Piano N.º 2:


1 comentário:

  1. Um belo texto! Grato por compartilhar teu espaço, poeta! Forte abraço! Ronaldo Rhusso

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