domingo, 1 de maio de 2011

1.º de Maio



1.º DE MAIO

                                    Não posso parar. Não posso parar.

                                                           José Afonso

Que não seja este dia só de circunstancia.
Que não chegues à rua e não digas nada.
Que sejas pó, e pólen, e frutos, e raízes.
Que ao desatino de Maio não resistas.

Não hesites em Maio. Não vaciles.
Maio é um mês trabalhador
que se estende pelas praças e os campos
com garlopas e ramos de papoilas.

Que não seja este dia sem audácia.
Que o acendas nas veias e no rosto.
É Maio, agora, o dia primeiro

do que por ti mesmo foi criado.
Em Maio és tu quem está para que a mudança
da inverosimilhança tenha nome.



(Inédito - © do A.)




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